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Felicidade Fora de Rota
<> terça-feira, 25 de março de 2014 // 17:45
Há pessoas
boas, que fizeram sua parte, aquelas que pode-se ver claramente que tiveram uma
boa intenção. Claro que todos queremos ser pessoas boas. Quem vem a ser ruim,
na verdade creio que é bom, em sua própria definição de bom. Já que conceitos
de certo e errado mudam de indivíduo para indivíduo. E têm pessoas fodas,
aquelas que nenhuma outra palavra definiria melhor.
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Arte: Mari Danielski |
Mas querer ser
tão foda quanto essas pessoas pode custar muita coisa. Claro que a definição de
foda muda. Para mim, há grandes nomes que eu amaria que fossem ditos junto do
meu. Hemingway, Sartre, Nietzsche, Bukowski, Lou Salomé e até a bela imagem que
se pode ter de um poeta morrendo de tuberculose num bairro de Paris. Ou um
cantor incrível injetando heroína. Dá até pra ir pra esfera ficcional e citar
Arya Stark, Jesus Cristo, David Martin, Lisbeth Salander e muitos outros. A
questão é que por mais que eles sejam incríveis, não dá pra dizer, de jeito
algum, que foram felizes.
Se eu os
admiro tanto assim e quero desesperadamente ser como eles, será que eu quero
ser feliz? Claro que ser feliz é impossível, ninguém é feliz. Ficamos felizes
por alguns momentos, nunca por uma vida inteira. Não que isso impeça alguém de
tentar sê-lo. Penso que o ser feliz é superestimado. O grande problema é que se
desistir de buscar a felicidade a vontade de viver desaparece.
Entre a
vontade de permanecer vivo e as suas crenças há uma linha de nylon. Nietzsche diz que aqueles que conseguem ver a humanidade como um
todo (sem preceitos religiosos) perceberão que ela não tem objetivo, isso gera
o desespero, e só consegue conviver com ele, sem enlouquecer, o poeta. Desde sempre a humanidade criou seus deuses,
porque sem eles a vida não tem um sentido. Assim que alguém descarta a religião
para si, esse alguém perde seu sentido, seu objetivo. E nada mais difícil de
lidar do que a vida. O grande desafio é conseguir seguir e ser feliz, ou
tentar, sem uma crença. Tem quem consiga conviver com o desespero e não sentir
uma vontade imprescindível de se matar.
É difícil
estabelecer para si o objetivo de ser feliz quando não há nada pra crer. E se
aqueles que você admira e gostaria de imitar não são ou foram nada felizes?
Será que ainda valeria a pena tentar ser feliz? Ou bastaria tentar ser alguém
que outro alguém possa admirar? Será que dá pra não tentar ser feliz e ainda
assim continuar a viver?
Autora: Júlia
Marcadores: Júlia
Felicidade Fora de Rota
terça-feira, 25 de março de 2014 // 17:45
Há pessoas
boas, que fizeram sua parte, aquelas que pode-se ver claramente que tiveram uma
boa intenção. Claro que todos queremos ser pessoas boas. Quem vem a ser ruim,
na verdade creio que é bom, em sua própria definição de bom. Já que conceitos
de certo e errado mudam de indivíduo para indivíduo. E têm pessoas fodas,
aquelas que nenhuma outra palavra definiria melhor.
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Arte: Mari Danielski |
Mas querer ser
tão foda quanto essas pessoas pode custar muita coisa. Claro que a definição de
foda muda. Para mim, há grandes nomes que eu amaria que fossem ditos junto do
meu. Hemingway, Sartre, Nietzsche, Bukowski, Lou Salomé e até a bela imagem que
se pode ter de um poeta morrendo de tuberculose num bairro de Paris. Ou um
cantor incrível injetando heroína. Dá até pra ir pra esfera ficcional e citar
Arya Stark, Jesus Cristo, David Martin, Lisbeth Salander e muitos outros. A
questão é que por mais que eles sejam incríveis, não dá pra dizer, de jeito
algum, que foram felizes.
Se eu os
admiro tanto assim e quero desesperadamente ser como eles, será que eu quero
ser feliz? Claro que ser feliz é impossível, ninguém é feliz. Ficamos felizes
por alguns momentos, nunca por uma vida inteira. Não que isso impeça alguém de
tentar sê-lo. Penso que o ser feliz é superestimado. O grande problema é que se
desistir de buscar a felicidade a vontade de viver desaparece.
Entre a
vontade de permanecer vivo e as suas crenças há uma linha de nylon. Nietzsche diz que aqueles que conseguem ver a humanidade como um
todo (sem preceitos religiosos) perceberão que ela não tem objetivo, isso gera
o desespero, e só consegue conviver com ele, sem enlouquecer, o poeta. Desde sempre a humanidade criou seus deuses,
porque sem eles a vida não tem um sentido. Assim que alguém descarta a religião
para si, esse alguém perde seu sentido, seu objetivo. E nada mais difícil de
lidar do que a vida. O grande desafio é conseguir seguir e ser feliz, ou
tentar, sem uma crença. Tem quem consiga conviver com o desespero e não sentir
uma vontade imprescindível de se matar.
É difícil
estabelecer para si o objetivo de ser feliz quando não há nada pra crer. E se
aqueles que você admira e gostaria de imitar não são ou foram nada felizes?
Será que ainda valeria a pena tentar ser feliz? Ou bastaria tentar ser alguém
que outro alguém possa admirar? Será que dá pra não tentar ser feliz e ainda
assim continuar a viver?
Autora: Júlia
Marcadores: Júlia
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Sobre
O Ensaios surgiu a partir da idéia de duas amigas que costumavam discutir filosofia e desenvolver teorias durante as madrugadas de verão: Júlia, a gêmea má e Mari, a gêmea boa. (Talvez o contrário, mas depende do seu ponto de vista) Mari e Julia são completamente opostas, e ao mesmo tempo muito parecidas e convincentes. Aqui no Ensaios, elas irão explorar todas as suas nuances e lados, ascendendo e descendendo por meio de textos, argumentos, poesias, músicas o que mais aparecer na mente das duas.
❤ Júlia Orige, 17 primaveras. Estuda Jornalismo na UFSC, é feminista e vive dançando por aí. Gosta de livros, de ballet de repertório e de escrever. Fã de George Martin, também tem uma gata malhada e peluda chamada Mia.
❤ Mari Danielski, 16 invernos. Formada em Ballet Clássico e expert em enrolar fones de ouvido. Gosta de desenhar, de filmes e de boa música. Morre de amores por elfos, tem um gato preto chamado Draco e outro laranja chamado Gimli.
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