Contra o Vento, Contra o Tempo.
<> segunda-feira, 26 de maio de 2014 // 18:50
Seguia em sentido oposto. Contra o tempo, contra o vento, alheia à tudo e à todos.
Corria de quê? Corria de quem? Não se sabe, ela não explicou. Mas visivelmente fugia. Diria eu que ela só se escondia do mundo, das manias e más companhias que a acompanhavam. Alguns, mais tontos, lhe mandavam ladainhas, susurravam-lhe resmungos e julgavam aquela que ia contra a corrente. No entanto ela ia sempre em frente, sem olhar para trás, pra evitar tropeços.
Também diria que ela fugia dos pares ordenados e dos outros bagunçados. Diria que ela fugia da boba necessidade humana de transformar sonhos em números e fazê los caber dentro de um pote selado. Fugia daquelas mal traçadas que queriam calcular a profundidade da alma, que determinavam o volume do silêncio e que queriam saber quantos e quais tons poderiam ser vistos num pedaço pequeno de escuro.
Já sabia que o mundo seguia depois do 0 e 180, que a vida, e o além dela, passavam longe das tangentes dos meridianos. Compreendia o infinito e aceitava o indomável.
Ainda assim corria, fugia... Mas sempre em frente, sem olhar pra trás, pra evitar tropeços.
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